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A PALAVRA CONFISCADA
Progressivamente, a televisão investiu em todas as falhas que a sociedade não sabe resolver: pessoas «perdidas de vista», crimes não elucidados, dramas afectivos, marginalidades não tratadas, etc. Esta «imagem», das carências da sociedade, fez-se no quadro da colocação em cena de acontecimentos que se inscrevem na vasta empresa de sedução dos média de televisão. Assim, o tratamento das falhas da sociedade aparenta-se com um engodo sedutor, porém ineficaz. Não é suficiente falar delas; é necessário desmontar-lhes os mecanismos. O talk show é a ilustração desta tentativa televisiva de dissimular as falhas. Sobretudo a falha de democracia directa. A este título merece ser questionado. O estudo minucioso de três talk shows representativos permite colocar em evidência a representação falaciosa, e culturalmente marcada, da democracia directa proposta pelos homens da televisão.
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A FAMÍLIA - DA CRISE À NECESSIDADE
Evelyne Sullerot traça nesta obra a nossa história, bem como a das famílias de onde surgimos e a história das famílias que constituímos. E que caminho entre o consenso familiar da libertação e o desmoronar da família de hoje, refúgio da vida privada, último lugar da coesão social. De geração em geração, com cada vez menos nascimentos, menos casamentos, com cada vez mais crianças separadas de um dos seus progenitores devido a rupturas. As leis, sempre em reformulação, têm dificuldade em seguir os costumes e os progressos da genética e da procriação. A política familiar, menos familiar agora, vai retraindo-se sem modernização. Nesta obra encontramos uma história movimentada e apaixonante onde os grandes debates se sucedem em intimidade: as concepções do casal, o papel dos pais, a educação das crianças, a emancipação dos adolescentes, a libertação da mulher, as novas formas de uniões e desuniões, o optimismo dos individualistas que decidem viver os seus desejos. Uma demonstração refrescante que põe em questão as ideias recebidas e nos convida a uma reflexão sobre a sociedade do século XXI.
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A CIÊNCIA ENQUANTO PROCESSO INTERROGANTE
A ciência é o processo humano de interrogação, tanto no mundo como sobre o mundo. Uma análise zetética, como este livro a define, procura descrever e explicar como funciona este processo e como surgiu. São examinadas inúmeras teorias científicas, da evolução de Darwin à relatividade e da teoria quântica à cosmologia. Estes desenvolvimentos históricos e raízes filosóficas que conduziram à ciência tal como hoje é são investigados e explicados em termos da sua relação com outras áreas da vida intelectual. Segundo o autor, chegou o momento de reconhecer o vasto papel que a ciência representa nas nossas vidas e este livro constitui a base do seu argumento. Como é construída a ciência? O que determina as regras pelas quais as teorias são aceites ou rejeitadas? O que faz uma boa teoria? O que torna a ciência teórica diferente de outras demandas intelectuais? O texto foca a estrutura subjacente das teorias científicas em detrimento dos detalhes matemáticos, não sendo pressuposto qualquer conhecimento matemático prévio. O aspecto cultural da ciência tem vindo a ser negligenciado e, deste modo, a presente obra recorre a material europeu com o intuito de consolidar os seus argumentos. Esta obra será de leitura obrigatória e preciosa para todos os interessados no papel da ciência na cultura moderna.
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A CLONAGEM EM QUESTÃO
Desde que surgiu a ovelha Dolly que cientistas e políticos, dos países desenvolvidos, se debatem sobre o futuro da clonagem. Ao grande público faltava uma obra sobre este assunto, a fim de lhe dar a compreender os seus desafios, pois, por detrás da proeza técnica e das múltiplas aplicações da clonagem, surgiu a questão da clonagem humana. O professor Axel Kahn, nesta obra, apresenta e desenvolve as razões da sua rejeição sobre qualquer experiência do género no ser humano, partindo da dignidade humana e da diversidade biológica garantida pela mistura das informações genéticas. É o inquietante mito de Frankenstein que se torna realidade no alvorecer do novo milénio, com um homem que se pretende Deus na terra. De uma forma simples e pedagógica, os autores transportam-nos para uma odisseia apaixonante, oferecendo-nos uma reflexão aprofundada e os argumentos que fazem antever o enorme perigo ético que representa a clonagem humana, na expectativa que evitemos que a realidade entre nas narrativas de ficção científica.
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VIAGENS NO FUTURO
Existe algo de banal a sublinhar a força do imaginário no conhecimento do Homem. A literatura é disso prova desde há muito tempo. É menos comum reconhecer o contributo da ciência - ficção, esta ciência sonhada, extrapolada, pelos avanços da «verdadeira» ciência. É esta a ligação que o astrofísico Nicolas Prantzos explora, muito astuciosamente, no domínio científico bastante fecundo para os sonhadores: a conquista do espaço. Instalar-se noutros mundos, organizar a vida humana noutros planetas, prever o fim do universo com a explosão do Sol, sobretudo tudo isto se interessa, realmente, a ciência, sabe fazê-lo (os obstáculos são sobretudo mais político-económicos que tecnológicos) para além do que pode imaginar o cenário da ciência-ficção. Tudo isto aprendemos com Nicolas Prantzos com estas Viagens no Futuro, uma deliciosa vertigem onde ficção e realidade se encontram nas estrelas. Nesta obra é proposto ao leitor uma exploração do nosso mundo cósmico mobilizando rigorosamente todas as fontes da ciência contemporânea e não hesitando em evocar as visões da literatura de ficção científica.
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A ORIGEM DO HOMEM
Pois bem, este livro é formidável! Vai buscar pelo mundo fora os mitos de origem, fruto da angústia existencial dos hominídeos, desde os vários milhões de anos que eles sabem que sabem; põe as questões que o Ocidente tem posto desde há milénios, com a necessidade obsessiva que este tem de explicar logicamente o mundo sem fazer vacilar de forma demasiado repentina as suas convicções; instala o Homem nos seus caracteres anatómicos e fisiológicos; posiciona-se na imensidão dos tempos geológicos e no conforto do seu parentesco primata; conta sabiamente esse tempo de todas as maneiras praticadas hoje em dia, e faz a abordagem desses antepassados, vizinhos e primos primatas, e da nossa humanidade, através de todas as vias que hoje são conhecidas; prolonga, finalmente, a etosa capacidade de registo, de exploração e de reflexão do encéfalo do nosso género humano através da capacidade, que é impressionante e vai crescendo cada dia, da ferramenta que esse género curioso soube manufacturar.
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A EFICÁCIA DA METÁFORA
O conhecimento científico, como construção humana, não é independente da linguagem em que é apresentado. As palavras não são neutras em relação aos factos; os termos científicos estão de acordo com as diferentes teorias. Toda a forma de conhecimento humano tende a compreender e a explicar ideias ou fenómenos atribuindo-lhes propriedades que pertencem a um domínio diferente. Por isso, desempenhando a metáfora um papel na inovação e extensão do pensamento, é de admitir que tenha um lugar central no pensamento científico. A filosofia da ciência e a filosofia da linguagem têm vindo a advogar a importância da metáfora no contexto da descoberta, elaboração e comunicação da ciência. A função heurística da metáfora na elaboração de hipóteses e na orientação de procedimentos experimentais tem sido salientada, bem como o seu papel no desenvolvimento e inovação das teorias científicas, reconhecendo-se a sua dimensão cognitiva. A análise da linguagem de uma disciplina científica - a genética - ilustra estas perspectivas teóricas. O discurso da genética está impregnado de muitas expressões metafóricas, apropriadas das linguagens da teoria de informação, cibernética e linguística e que, sendo constitutivas da explicação teórica, se revelaram produtivas para o desenvolvimento do conhecimento científico.
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A GRANDE IMPLOSÃO
«Eis um relatório sobre o desmoronamento do Ocidente que sucederia entre 1999 e 2002. Redigido em 2081 por alguns homens livres (poetas, historiadores e humanistas), este texto dá-nos conta do seu espanto perante a cegueira dos séculos precedentes, muito especial do século XX. Os relatores pretendem compreender as razões que conduziram à grande implosão. Na obra não faltam os autores eminentes. Servem, constantemente de baliza à reflexão. Seja para serem criticados (Condorcet, Saint-Simon...), seja para serem evocados como analistas e profetas (Gramsci, Lévi-Strauss...). A estes grandes homens junta-se o denominado padre Dupin. Sempre com uma palavra definitiva. Lúcido, por vezes rezingão, Dupin é o aparente duplo de Thuillier. Pode dizer coisas no seu lugar, porque Thuillier autor fica na neutralidade aparente do relator. A demonstração para a grande implosão é longa e articulada. A culpa é do dinheiro, da engenharia, da técnica, da comunicação, da ciência, do Estado, e da razão que exclui a subjectividade e a afectividade. Um ensaio que se lê como um romance. Generoso, dotado de um enorme calor no tom, por vezes inventivo, é uma narração agradável de ler e que alimentará a reflexão dos indivíduos avisados e revelará aos outros a complexidade dos problemas a resolver.» Lucien Sfez, La Recherche
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IMAGINÁRIO TÉCNICO E ÉTICA SOCIAL
Ensaio sobre a profissão de engenheiro. Fruto do encontro de três disciplinas - as ciências da engenharia, a história da tecnologia e a filosofia moral - o livro analisa as imagens que sustêm as decisões técnicas do engenheiro e que lhe permitem situar-se no jogo de contrariedades técnicas e institucionais em que trabalha. A obra procura situar a responsabilidade específica do engenheiro questionando-se sobre os quatro grandes papéis que, tradicionalmente, lhe são conferidos: inventar novos objectos técnicos, organizar o trabalho industrial, fabricar objectos comercializáveis, elaborar e transmitir o conhecimento técnico.
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GENES, POVOS E LÍNGUAS
Se utilizarmos simplesmente os nomes que os homens deram a si próprios, reconhecemos milhares de populações, com algumas ténues diferenças em relação às outras. Há sempre um motivo para uma população querer dar um nome diferente a si própria. A diferença está na origem, ou então forma-se porque os que se julgam diferentes querem continuar a ser eles próprios, e esta intenção é suficiente para gerar diferenças, genéticas e culturais, embora habitualmente muito pequenas. É interessante perguntarmo-nos como nasceu esta diversidade, que forças agiram, qual a sucessão dos acontecimentos - em suma, a história desta evolução. Durante quarenta e cinco anos Cavalli-Sforza, com uma equipa de outros cientistas, dedicou-se a uma empresa magistral e poderosa; Cavalli-Sforza e os seus colaboradores cartografaram a distribuição de centenas de genes à escala mundial, para a partir da comparação dos mapas deduzirem as linhas filogenéticas das populações. A árvore genealógica assim construída foi relacionada com uma enorme quantidade de dados demográficos, arqueológicos e linguísticos. E a surpreendente conclusão para a qual converge a pesquisa mostra-nos a sobreposição de genealogias diferentes: a genética, a paleoantropologia e a linguística estão de acordo, corroborando-se mutuamente. De onde resulta que os genes, os povos e as línguas se difundiram paralelamente, através de uma série de migrações que tiveram origem em África. Sob o olhar do leitor, vai-se assim elaborando uma perspectiva unitária sobre cerca de cem mil anos de vicissitudes da espécie humana. Nunca até agora uma investigação científica soubera iluminar com tanta precisão a relação entre genes e culturas, conseguindo, aliás, libertar de pressupostos erróneos a controversa noção de raça.
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O DARWINISMO OU O FIM DE UM MITO
Deveremos enterrar, definitivamente, Darwin? O que numa teoria interessa ao homem da ciência é que ela seja eficaz, que inspire experiências. Será sempre o caso para o darwinismo? Após ter presidido ao nascimento da biologia moderna, poderá ainda Darwin servir? Qual o lugar do darwinismo na actual biologia? Poderá ele ajudar ao progresso da investigação? Alguns defensores mais obstinados desta corrente pretendiam demonstrar que o darwinismo consegue explicar tudo! Assim, não estaremos a desembocar numa tautologia se afirmarmos que a evolução natural existe, já que as espécies actuais evoluíram? No entanto, estas posições, rigorosamente defendidas por alguns darwinistas, são reveladoras dos limites das teorias evolucionistas. Nesta polémica obra, Chauvin dirige um ataque contra um mito. O seu ensaio tem por mérito a abertura de um debate que já há muito deveria ter-se iniciado.
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A REDE E O INFINITO
As redes invadem o nosso mundo, a nossa vida, até a nossa linguagem. O objectivo deste livro é o de compreender e mostrar, através da sua génese filosófica e social, por que razão a rede, de necessidade subalterna, se tornou na norma dominante do Ocidente ultramoderno. Método do poder material e da segurança geral, a rede é fundamentalmente estratégica. Ela impõe os seus parâmetros de eficácia às lutas de informação, económicas e militares. Processo de dominação instrumental, a rede recobre a antiga Terra e os seus lugares, enquanto produz até ao infinito as suas conexões de poder, configurando, deste modo, novas condições práticas, sociais e culturais do agir estratégico. Tácticas e operações militares são, assim, profundamente modificadas, por exemplo. Os autores dão continuidade à sua reflexão sobre a humanidade planetária que se projecta, abandonada ao jogo final da matéria solta.